quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"Criançar"

Tempos atrás, ouvi um relato do mago da música Egberto Gismonti sobre a importância de enquanto adultos, resgatarmos a criança que mora dentro de nós.

É como um reencontro, uma reconquista em nome da espontaniedade, da liberdade, do ser criativo.

Nessa experiência, somos com certeza mais autênticos, isto é, somos nós mesmos de fato, entende?!



Dançar a sua dança, tem tudo a ver com isso.

No relato da dança da Thaís com sua filha, no post anterior, vimos exatamente o estado de "criançar".

As possibilidades de deixarmos rolar o movimento natural, explorando o corpo e a imaginação em sintonia com a música, com o outro.

Uma maravilhosa brincadeira, com a intenção voltada simplesmente para viver o momento, se divertir, experimentar. Assim, nosso corpo vive!!

Experimente.... muitos movimentos, muitas danças!!

É o que desejo a todos humanos...sempre!

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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O baile de nós

Seres Dançantes,

A querida Thaís, baseado em nossas conversas sobre a Dança Ânima, teve sua linda experiência e escreveu esse delicado poema que posto logo aqui. Vejam o que é essa dança na prática.....



A gente dançava dançava dançava
Como nunca havia feito
Ou lembrado que havia
Dançado antes


Joguei o chinelo pro alto
Rodopiamos
Soltas na sala
Do ar


Em roda
Em quadrados
De cima pra baixo
De baixo pro lado
Daquele lado pra esse
Em contratempos
Num tempo eterno


Onde é que estavamos
Nós duas
Naquela
Tarde de terça de sol


Panderos
Passarinhos
Nara
Chico
Alceu
e mais


Luas a tarde
Alongamento
Rumba
E até marchinhas


Estavamos na escola
No baile
Num clube
Na floresta


No meio de um pomar
Uma fogueira no meio
Com nada entre nós
Integradas


Na mesma vibração


Levanta vestido
Balança tecido
Somos acrobatas
Ursos polares
Dançarinas egípcias


Eu e minha filha
Sob as luzes de seis lados.

Thais M. de Barros


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Acessibilidade

A idéia desse blog é dialogar com o povo que já vive a dança (especialmente "sua dança", a Dança Ânima) e aqueles que ainda não a experimentaram.

Normalmente, quando buscamos nos iniciar na dança, o caminho mais provável é procurar um facilitador numa escola, oficina, etc para que tenhamos a informação necessária e mais do que isso, consigamos  nos sensibilizar para que tudo aconteça.

Mas, existe a possibilidade do início ser pelo caminho individual, como foi o meu, já relatado no post que abre o blog.

Não acredito que um seja superior ao outro, pois o que conta é intensidade e a satisfação da experiência, que irá depender de uma série de fatores.

Pra começar, conta bastante a vivência corporal que você já tem. Não precisa ser específica com a dança, mas se já existe uma atenção voltada para a percepção do estado do corpo, já andamos meio caminho!

Canais sensório-motores abertos para identificar e me levar a diferentes possibilidades de movimentos, gestos, posturas...

Caso não se encontre nessa situação, pode ser que leve mais tempo para que se perceba e no caso, é interessante ter um facilitador que vá te mostrando qual é o caminho das pedras... nada disso, do corpo. rs

Aí vem o papel e a responsabilidade desse profissional que deve ter além do conhecimento, a sensibilidade para sacar cada indivíduo com seus potenciais e dificuldades.

O que penso ser imprescindível, é que cada um deva ser aceito e acolhido de  forma natural e legítima. Sabe aquele espaço que nos sentimos bem, e mesmo com o estranhamento que ainda não está todo superado ou algo qualquer que nos trave, posso arriscar sem julgamento... Assim, deve ser o ambiente em aula: agradável, confiável. E isso, depende muito de quem comanda a orquestra.

Agora, cabe também arriscar sozinho, é o seu caso? Não há nada a perder, muito pelo contrário! Afaste os móveis e comece a experimentar!

Todos  temos um início... não é mesmo?!



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terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Descabeçar-se"


Querido(a) humano(a),

Não estranhe esse título... já explico a fala!

Muitas vezes, nós contemporâneos, pela grande sede de informações e conhecimento, temos a grande  tendência a intelectualizarmos demaisssss tudo que a vida nos oferece, do mais simples ao complexo.

Estamos sempre arranjando explicações, razões, motivos que devem passar pela crivo da nossa racionalidade, além é claro, do senso comum. Não é legal, destoarmos muito, não é mesmo?!

Então, como fico nessa estória de experimentar, dançar sozinho e diferente, ficar parado sentindo vibrações, etc... essas coisas meio malucas?!!!

Se estou num grupo e a maioria já consegue se despreender desses julgamentos, talvez fique mais fácil aceitar com naturalidade essa dança inata que brota de mim. Também, se estou sozinho, livre dos olhares de pouca aceitação, protejo-me dos comentários, dos risinhos nervosos... portanto, beleza!

Mas, o problema é quando começamos a "cabeçar" tudo isso, seja o que estou fazendo, como estou dançando, o que estou sentindo, até chegar em: o que tudo isto quer dizer...

 PAUSA...

Aí mora o perigo, pois chegamos num campo minado para implodirmos a espontaniedade e o prazer. Claro, que se estamos vivendo uma situação corporal nova (bingo!), não iremos nunca ignorá-la! Mas, é diferente de ficarmos procurando nos cafundós da nossa mente, todas as significações e origens que resultaram naquele jeito "amalucado" de dançar.

Não vale à pena! Se está sendo bom e estou ganhando experiências e sensações que podem contribuir para minha saúde, criatividade, bem-estar... pra quê racionalizar?


"DESCABECE-SE!!"


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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Confiar no taco!


No início do blog, contei sobre como ocorreu o (re)descobrimento da dança em minha vida... a forma intensa e particular como se deu todo esse processo.

Confesso que as sensações que vivi naquele momento foram tão marcantes, que ainda hoje não consegui equiparar a nada parecido, seja em uma aula, oficina ou workshop.

Não se trata de auto-suficiência ou de diminuir o conteúdo das aulas propostas pelos ministrantes, pois  sabemos o quanto pode ser significativo compartilharmos em grupo.

Mas, sim relatar o quanto é incrivelmente revelador e prazeroso nos entregarmos a uma experiência no tempo, na forma, na intensidade em que estamos preparados, sem atropelamento, cobrança ou ansiedade.

Esse ponto é fundamental, porque seja qual for o processo escolhido para que entre nessa onda, o prazer  deve estar garantido!

E não da boca para fora, mas de verdade!!! Devemos conferir in loco, como me sinto frente a uma experiência corporal. Não é ninguém que vai me dizer o que estou sentindo, ou mesmo, me vender um dado estado corporal que não corresponde a minha prática.

Quem ministra pode muito bem saber aonde pretende e pode chegar aquela proposta, baseado principalmente, em suas próprias experiências corporais e também, nas experiências como docente. Mas, o que cada ser-dançante está sentindo e até onde pode ir, ah... isto só ele saberá!

Assim, querido humano, entregar-se a experiência, respeitando seus limites e confiando em seu taco, com a coragem de quem não deve nada, e também, não precisa provar competência a ninguém, é a melhor dica que posso dar para que você entre e seja fisgado!

Experimente e tire suas próprias conclusões!

gde bj

Cris Gurgel

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Deixar brotar a espontaniedade

No post anterior, escrevi sobre um forte componente presente na Dança Ânima: a espontaniedade.

A Dri, atriz que faz pós-graduação em Ecologia, Arte e Sustentabilidade comigo, perguntou se essa dança se tratava da chamada Dança Espontânea.

Respondi que a Dança Ânima também exercita a espontaniedade dos movimentos, assim como a Dança Terapia, o próprio Contato Improvisação, e mais uma fileira de outras dentro da contemporaniedade.

Vejo isto, como muito positivo porque é muito enriquecedor que tenhamos a possibilidade de deixar brotar movimentos, muitas vezes, totalmente ignorados ou esquecidos, dentro de um processo feliz e criativo como a dança.

Pensar na dança que significa dançar o ser, a alma nos remete a explorar não só nossas possibilidades corporais, mas também, o que se relaciona ao corpo, como nossas emoções e o que há de mais íntimo e sútil dentro de nós mesmos.

E não é preciso racionalizar nada, graças à Deus! É só se deixar envolver pela vontade de se movimentar, sem tabu ou julgamento.
Deixar brotar a espontaniedade!    



gde bj

Cris Gurgel

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Lutar para não ser um comprimido oprimido!"


Estou me referindo a labuta para nos liberarmos das "fôrmas" corporais que construímos e das quais nos mantemos presos por toda uma vida.

Essa  "fôrma" que é reflexo de nossas experiências físicas (isto é inegável!), muitas vezes, nos engessam num padrão corporal que não condiz com um corpo ágil, inteligente, com suas diversas possibilidades.

A pouco oportuna sequência: limito-me corporalmente num padrão físico, que limita meus movimentos, e por conseguinte, limito minhas percepções e ações (não só físicas).

É necessário atenção, vontade, educação para sacar e mudar isso tudo.

A dança é um dos caminhos para se conquistar este conhecimento. E se for realizada com a intenção também voltada para esse foco, maravilha! Esta é uma das possibilidades oferecidas pela dança contemporânea em suas múltiplas vertentes.

E a Dança Ânima caminha nesta direção já que trabalha com a espontaniedade dos movimentos num caminho de expressividade, auto-conhecimento, passando pela educação corporal.

Dá uma boa labuta, mas garanto que tem também, muito prazer e satisfação garantida!

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