Explore sua dança interior

Você dança? Essa é uma boa pergunta para iniciarmos a conversa.Posso imaginar que talvez se sinta um pouco envergonhado e titubeie na resposta. Isso acontece porque é comum vermos e vivermos a dança em situações específicas e pouco frequentes, como pessoas dançando num baile de formatura e na balada ou assistindo a um espetáculo de balé ou a algum programa na televisão.

Como a dança ocupa um espaço restrito em nosso cotidiano, nos privamos de seus benefícios, deixando de ganhar em condicionamento cardiorrespiratório, melhora da consciência corporal, momentos de bem-estar e prazer e autoconhecimento. Além disso, dançar significa expressar-se através de movimentos corporais, sendo uma forma de comunicação. Esse movimento que traz consigo a intenção de uma ideia ou sentimento aflora nossa capacidade de expressão e temos a oportunidade de nos conhecer e reconhecer.

Assim, a dança de cada um não está limitada somente a uma performance num dado estilo específico, mas às infinitas possibilidades de viver e explorar o corpo, usando movimentos, posturas e intenções, independente do que identificamos como sendo o comum para aquele dado estilo. A música associa-se ao movimento corporal, funcionando como um casamento perfeito. E podemos tirar ainda mais proveito de uma canção, com sua melodia e ritmo, se não ficarmos presos a uma forma de dançar já conhecida ou "escravos" de um passo. Afinal, temos capacidade de dançar de diversas outras formas, explorando movimentos de forma livre, natural e lúdica.

Somos todos potencialmente aptos a dançar, mesmo que estejamos um pouco enferrujados ou nos sintamos limitados. Basta um pouco de iniciativa, um descompromisso com os julgamentos que não interessam e uma boa disposição para o prazer.

Dança na prática

Você pode estar se perguntando como essa dança acontece, ou melhor, como fazer acontecer? No contexto atual, poderá vivenciá-la com facilitadores em aulas que abordem a educação somática, especialmente na dança contemporânea. Essas aulas o ajudarão a conhecer e sensibilizar melhor seu corpo, mostrando alguns caminhos que farão você dançar melhor a sua dança e a viver com seu corpo de uma forma mais integral e saudável.

Mas também é possível arriscar-se sozinho. Se preferir, coloque uma música que tenha a ver com você, afaste os móveis e deixe brotar os movimentos. Não se prenda ao que já é conhecido por você e pelo seu corpo. Experimente novas posturas, outras possibilidades de se mover e de mexer articulações. Percebendo e respeitando seus limites, poderá entrar em outro universo corporal, ganhando novos repertórios de movimentos.

Outra lição importante é escutar seu corpo e ficar atento às necessidades de movimentos solicitados por ele e os pontos de maior facilidade ou dificuldade. A ideia é não se prender a grandes racionalizações que podem minar a espontaneidade e bloquear sua dança. Vá se familiarizando e brinque com essa nova possibilidade de exploração. Tome seu corpo como um gentil e confiável parceiro, sempre respeitando seus limites.

Simplesmente dance sua dança deixando-se fisgar pelo bem-estar. E lembre-se que qualquer hora é hora para viver isso. Com um pouco de espaço e intenção poderá ter, no mínimo, momentos bem interessantes. E se aprovar a experiência, deixe-se mergulhar nesse universo e assuma-se como um ser dançante!

Sobre o autor
 Cristiane Gurgel
Cristiane Gurgel é fisioterapeuta, educadora ambiental e arte educadora em dança. Site: http://dancaanima.blogspot.com/